quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

APARELHO AJUDA NA REABILITAÇÃO DE PESSOAS COM LESÕES MEDULARES

Tratamento experimental permite recuperação rápida de deficientes com lesões medulares. O programa especial já é testado em 12 pacientes por uma pesquisadora de Curitiba que vive em Santa Rita do Sapucaí, sul de minas, e desenvolveu um aparelho que pode mudar a vida de milhares de pessoas. O elevador, que funciona no asilo da cidade, consiste em uma barra de aço de seis metros de comprimento por três de altura, com um motor elétrico acoplado a uma corrente e um gancho de suspensão, adaptada a um controlador de velocidade. Com o equipamento, a pessoa com tetraplegia é içada, de maneira suave, e colocada na posição vertical para realização de fisioterapia, exercícios nos pés e nas pernas. O equipamento foi patenteado há três meses e já está sendo comercializado por R$ 8,5 mil.
Santa Rita do Sapucaí fica a 42 Km de Itajubá.


Mariza Helena Machado

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

ITAJUBÁ ACESSÍVEL

SINALIZAÇÃO TÁTIL EM BANCOS

A sinalização tátil, principalmente nos pisos, proporciona aos cegos e pessoas com baixa visão o exercício do direito de ir e vir.
Tenho notado em meu município que há muito desconhecimento em relação as normas de acessibilidade. Instalam os pisos de alerta e direcionais como acham que deve ser, ou só estão cumprindo a lei, sem a preocupação da funcionalidade. Quando a cor do piso tátil é muito próxima a cor do piso adjacente, inviabiliza o uso por idosos e pessoas com baixa visão. O piso tátil deve ser cromodiferenciado.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) assinou em outubro de 2008 o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para acessibilidade de Pessoas com Deficiência nas agências bancárias em acordo com o Ministério Público Federal e com Ministérios Públicos estaduais de São Paulo e de Minas comprometendo-se a cumprir as regras definidas, sob penalização de multas diárias. Os 20 bancos que aderiram ao TAC deverão realizar uma série de modificações em agências bancárias e postos de atendimento para atender a pessoas com deficiência locomotora, auditiva, visual e mental. O termo exige que, em 15 meses, 100% das agências nas áreas atingidas devem ter rampas ou elevadores de acesso para pessoas com deficiência. Também exige que os bancos, no mesmo período, tenham ao menos um caixa eletrônico adaptado, com prazo máximo de dez anos para que todas as máquinas sejam adaptadas. O acordo ainda estipula que todas as agências tenham ao menos um conhecedor de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para atender os deficientes auditivos. Os contratos terão que ser lidos em voz alta ou eletronicamente para pessoas com necessidades visuais.
Dentre as adaptações, o Piso Tátil também está incluído.

Veja Termo de Ajustamento de Conduta completo em: Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)

Algum dos Bancos Aderentes:
1. Banco ABN AMRO REAL S.A.
2. Banco Bradesco S.A.
3. Banco do Brasil S.A.
4. Banco ITAÚ S.A.
5. Caixa Econômica Federal
6. HSBC Bank Brasil S.A.
7. Banco Mercantil do Brasil S.A.
7. UNIBANCO
8. Banco SANTANDER                                                    
                        
Banco do Brasil. Piso tátil sem cromodiferenciação. Não acessível a pessoas com baixa visão 
                                          











Mapa Tátil. Somente Banco do Brasil apresenta
      

Bradesco, boa acessibilidade, falta sinalização direcional na
 rampa




 
Caixa Econômica Federal, sem piso tátil, somente chão sinalizado para as filas, mas possuem caixa eletrônico para pessoas com deficiência                         
   Mercantil. Boa acessibilidade
Unibanco. Boa acessibilidade. Aconselhável piso tátil de alerta na curva da rampa















Banco Real. Rampa sem cromodiferenciação, contudo espaço interno com boa acessibilidade e piso contrastante















Banco Itaú. Excelente acessibilidade e marcação de piso tátil

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

SINALIZAÇÃO TÁTIL

A Sinalização Tátil é qualquer tipo de sinalização que envolva o tato como meio de assimilar a mensagem. É fundamental no benefício de pessoas cegas ou com baixa-visão, que não podem se beneficiar da Sinalização Visual apenas. O maior exemplo seria o Braille, uma linguagem baseada em pontos em relevo, especialmente desenvolvida para deficientes visuais, e pode ser utilizada em placas, mapas táteis, cartilhas entre outros dispositivos.

Outros exemplo é o Piso Tátil, que tem funções de alerta a obstáculos ou bloqueios, e no sentido direcional de locomoção.

Piso Tátil ou Podotátil
Podo: pé Tátil: tato (sentido).
Esses pisos tem como serventia auxiliar a caminhada das pessoas, sejam elas deficientes visuais, crianças, idosos e até mesmo turistas. Como revestimento de chão, os pisos táteis não funcionam sozinhos e sim com uma composição de peças que caracterizam uma caminhada segura e com autonomia. Portanto deve ser levado em consideração o desenho universal deste produto, lembrando que o seu significado deve ser evidente e fácil reconhecimento, tendo uma linguagem simbolica onde quer que os encontre.










Piso tátil direcional

Piso tátil de alerta

É importante lembrar que as informações táteis devem ser adequadas em espessura, corpo, tipologia, cores e demais formas físicas que transmitam corretamente estas informações, com conforto e segurança ao usuário.
                                                                     
Piso tátil direcional e de alerta.
Os pisos táteis devem ser cromodiferenciados, ou seja, devem possuir cor contrastante com o piso adjacente, porque ele não atende somente às necessidades dos cegos. Deficiente visual é também aquele que tem visão parcial, ou seja, baixa visão, conseguindo distinguir mais cores fortes do que formas e nitidez e tem a direção auxiliada pelas cores contrastantes do piso.
O modelo acima e abaixo propiciam acessibilidade somente ao cego, de nada servindo aos de baixa visão.


A cor contrastante auxilia também os idosos.
No Brasil os pisos táteis foram normatizados pela norma técnica NBR 9050  que apresentou estes produtos somente no ano de 2004. Sendo assim seu conhecimento é relativamente novo, e deveria ser do interesse de todos órgãos públicos, portanto, ainda existe muito o que fazer para melhorar a acessibilidade em nosso município e no Brasil.

Mariza Helena Machado

CALÇADA IDEAL

Em algum momento do dia todos somos pedestres, indiferente da profissão ou classe social.  A calçada ideal é aquela que garante o caminhar livre, seguro e confortável de todos os cidadãos. A calçada é o caminho que nos conduz ao lar. Ela é o lugar onde transitam os pedestres na movimentada vida cotidiana. É por meio dela que as pessoas chegam aos diversos pontos do bairro e da cidade e exercem o seu direito de ir e vir. A calçada bem feita e bem conservada valoriza a casa, o bairro, a cidade e propicia cidadania e igualdade a todos.
A diversidade humana deve ser sempre considerada. O respeito às necessidades e às diferenças das pessoas deveria ser prioridade em todas as ações que dizem respeito a acessibilidade.

A calçada ideal deve oferecer:

Acessibilidade - assegurar a completa mobilidade dos usuários.
Largura adequada - deve atender às dimensões mínimas na faixa livre.
Fluidez - os pedestres devem conseguir andar a uma velocidade constante.
Continuidade - piso liso e antiderrapante, mesmo quando molhado, quase horizontal, com declividade transversal para escoamento de águas pluviais de não mais de 3%. Não devem existir obstáculos dentro do espaço livre ocupado pelos pedestres.
Segurança - não oferecer aos pedestres nenhum perigo de queda ou tropeço.


Deve ser dividida em:

Faixa livre - área do passeio ou calçada destinada exclusivamente à circulação de pedestres. (ABNT NBR 9050:2004)
Faixa de serviço - destinada à colocação de árvores, rampas de acesso para veículos ou pessoas com deficiências, poste de iluminação, hidrantes, sinalização de trânsito e mobiliário urbano como bancos, floreiras, telefones, caixas de correio e lixeiras.
Faixa de acesso - área em frente a imóvel ou terreno, onde podem estar a vegetação, rampas, toldos, propaganda e mobiliário móvel como mesas de bar e floreiras, desde que não impeçam o acesso aos imóveis. É, portanto, uma faixa de apoio à propriedade.

Rampas

                                    

(desenho rampa de Ivaldo Sicchieri, Ribeirão Preto, SP http://www.oficinadesenho.com.br/archinotes/ptbr/rampa-pass-def/)

As rampas de acesso ou rebaixamentos devem cumprir às exigências da NBR 9050. De nada valem rampas com desníveis amplos, que só propiciarão acidentes. As rampas devem se localizar em ambos os lados da via.

Acesso a garagem

As rampas devem localizar-se fora da faixa livre de circulação mínima. Entende-se que a faixa livre mínima considere o fluxo de pedestres.
As rampas podem ocupar a faixa de serviço, garantindo a continuidade da faixa de circulação de pedestres em frente aos diferentes lotes ou terrenos.
Nas cidades brasileiras, não se sabe desde quando, convencionou-se transferir a responsabilidade pela construção e manutenção do passeio público para o proprietário do lote. Desta forma, as prefeituras se responsabilizam pela pavimentação e manutenção do leito carroçável, apenas. Nessa relação ambígua, a calçada é compreendida, de um lado, como “logradouros públicos, dotados de passeios”, um espaço constitutivo da cidade, portanto, um espaço público urbano de livre acesso; e, de outro, pode ser interpretada como propriedade particular, extensão do morador ou do comerciante, sendo ele o responsável por sua manutenção.
Então, como posso contribuir para que a minha calçada seja um modelo de respeito ao próximo e à cidadania?
Mariza Helena Machado

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

ITAJUBÁ ACESSÍVEL

Se nossas calçadas não são para todos, então nossas calçadas são DEFICIENTES!
Acessibilidade é tema principal na conceituação dessas orientações; o pedestre, tenha ele mobilidade plena ou reduzida, é colocado em prioridade. Deficientes visuais, cadeirantes, pessoas com dificuldades de locomoção permanente ou temporária, gestantes, crianças, idosos, todos têm o direito de andar pelas ruas de nossa cidade de forma independente e sem restrições e a calçada tem papel fundamental nisso. Numa cidade acessível, o direito à utilização de espaços públicos, ao transporte e às edificações deve estar garantido não apenas pelo poder público, mas por toda a sociedade.
A Constituição Federal no seu Cap. I - Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, art. 5º, estabelece: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.


                                                                             



Rua Francisco Masseli, Centro

Rua Francisco Masseli, Centro. De nada adianta a praça central acessível, se o trajeto até ela não é.
A necessidade de regulamentar o acesso a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, levou à publicação por parte da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – da NBR 9050. Esta norma estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quando do projeto, construção, instalação e adaptação de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade.
Para as calçadas, a norma estabelece parâmetros para o uso de sinalização tátil de alerta e tátil direcional. A sinalização de alerta deve ser utilizada para indicar a presença de obstáculos, alterações de direção ou do nível do piso. A sinalização direcional deve indicar, de forma segura, o caminho a ser percorrido. O dimensionamento da faixa livre, a travessia de pedestres e o rebaixamento da calçadas, são outros aspectos importantes tratados na NBR 9050 e que devem ser considerados nos projetos de readequação das calçadas. A ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland disponibiliza o projeto de uma rampa pré-fabricada, adequada às disposições da norma, facilitando a execução dos rebaixos das calçadas.

Quanto aos materiais para revestimento das calçadas, os mais adequados são os que apresentam regularidade superficial e são antiderrapantes, proporcionando conforto e segurança aos usuários, principalmente idosos. 

Ponte da APAE. Será que o poste invadiu a rampa, ou fizeram a rampa em cima do poste?  Cegos e cadeirantes terão dificuldades. Note que há uma mureta de proteção muito baixa no caso de um acidente.

Av. Paulo Chiaradia
Caminhando pelas calçadas de nossa cidade podemos observar os problemas que os pedestres enfrentam para exercer o simples "direito de ir e vir". Em muitas calçadas encontramos buracos, pisos escorregadios e trepidantes, materiais inadequados, degraus e rampas obstruindo a passagem, dentre outros obstáculos, como árvores, hidrantes, lixeiras, portões abertos para a calçada e até bicicletas e carros. 

Rua Dona Joaquina Dias, Avenida. Quem será que é o responsável por isso? Se esse hidrante provocar um acidente com um pedestre, um cego, um idoso, quem responderá?
Rua Dona Joaquina Dias, Avenida. Não existe nenhuma norma, regra ou lei para as calçadas?
As rampas para acesso de pedestres devem apresentar inclinação máxima de 10%. Devem também ser sinalizadas com faixa de alerta tátil direcional (piso tipo ranhurado) para permitir a circulação de pessoas com deficiência visual, e ter revestimento com piso antiderrapante e não trepidante (recomenda-se a utilização de piso cimentado camurçado com ranhuras).           
                                                                                                                                                                                     
    Rua Dona Joaquina Dias, Avenida.  Desníveis acentuados e degraus não são acessíveis!

Quando não houver espaço suficiente para a existência da rampa com inclinação adequada e faixa de percurso de no mínimo 1,20 m, que permita manobra do cadeirante em frente à rampa, recomendase rebaixar toda a largura da calçada. Nesse caso, a rampa deverá ser sinalizada com piso de alerta tátil direcional (tipo ranhurado) e o espaço da calçada de acesso ao pedestre também deverá ser sinalizado com o mesmo piso.
Em situações que existam em frente à calçada vagas de estacionamento reservada para cadeirantes, as rampas devem ser posicionadas o mais próximo possível dos acessos ao veículo, preferencialmente nas faixas de circulação do cadeirante.

Rua Dona Joaquina Dias, Avenida. Como um cadeirante passa aqui? O que passou na cabeça de quem plantou essa árvore?


LEGISLAÇÃO FEDERAL

Lei 7.853/89 - Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência - Torna obrigatória a colocação do Símbolo Internacional de Acesso (SIA) em todos os locais e serviços que permitam sua utilização por pessoas portadoras de deficiência. 
Lei 8.160/91 - Lei Orgânica da Seguridade Social - Trata dos Direitos das Pessoas Portadoras de Deficiência e dos Idosos, referindo-se genericamente à pessoa portadora de deficiência auditiva.
Lei 10.098/00 - Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida e dá outras providências.
Lei 10.048/00 - Determina que as pessoas portadoras de deficiência física, os idosos com idade igual ou superior a 65 anos, as gestantes, as lactantes e as pessoas acompanhadas por crianças de colo tenham atendimento prioritário.
Lei 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro - Dispõe sobre as normas de circulação de veículos e pedestres nas vias terrestres do território nacional.
 
Vamos fazer uma Itajubá para todos!
Mariza Helena Machado

NOSSAS CALÇADAS
Não há fiscalização e as calçadas viram estacionamento.
Rampa de acesso somente de um lado da via.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

ITAJUBÁ ACESSÍVEL

O termo acessibilidade vem do latim, “accessibilitate”, qualidade de ser acessível, ou como adjetivo, a que se pode chegar facilmente; que fica ao alcance, ou mesmo como a definição proposta pela ONU, "processo de conseguir a igualdade de oportunidades em todas as esferas da sociedade".
Nos dicionários é definida como facilidade na aproximação, no trato ou na obtenção.
Sem ter a funcionalidade total das mãos, deparei-me com inúmeras barreiras que me impediram de aproximar, obter e tratar. As barreiras são entendidas como potenciais fatores de exclusão, que acentuam preconceitos e criam condições propícias a práticas discriminatórias.
Quando pensamos em acessibilidade para garantir igualdade, muitas vezes não lembramos de pequenos detalhes que impõe barreiras tão grandes quanto uma escada para o cadeirante. Alguém já viu um idoso tentando abrir uma porta com maçaneta redonda? Com as articulações endurecidas e a força de preensão fraca, é impossível, como também o é para mim. Alguém se preocupa com as embalagens dos produtos? Como é difícil abrir um pacote de salgadinhos chips se você só tem uma mão?
Esquecemos que o design, às vezes, não proporciona acessibilidade. Com as mãos limitadas me deparei com controles remotos cada vez menores e com botões minúsculos, enquanto tudo que eu queria era um controle que pudesse ser utilizado com os pés, grande, resistente e com poucos botões.
E para abrir a coca-cola? A garrafa d’água e todas as outras roscas que existem? Definitivamente, rosquear não é acessível!
A acessibilidade também inclui um “design” acessível para os produtos e ferramentas.

Todos falam de acessibilidade. Mas poucos sabem o que é. Deus foi generoso comigo! Mesmo trabalhando a vida toda com pessoas com deficiência, eu mesma, só vim a entender de acessibilidade quando tornei-me deficiente.
Nosso Mundo não é feito para todos, e se todos não podem usá-lo, então o Mundo é que é deficiente!

Postarei aqui a "acessibilidade" ou a falta dela em meu município e espero que os responsáveis, incluindo eu e você, façam a sua parte.

CARNAVAL 2010


Banheiro para deficientes no calçadão, parabéns!





Vagas para estacionar suficientes.


 
 
 
Acesso amplo e bem sinalizado.
 
 
 
 
 
 
 
Infelizmente Clube central sem acesso








Mariza Helena Machado

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O Controle Remoto da TV da minha avó.


Envelhecer é uma arte e requer grande capacidade de adaptação emocional e física. Não sentimos quando estamos envelhecendo, aliás, por dentro nos sentimos sempre a mesma pessoa, e isso às vezes nos assusta.  Envelhecer é amadurecer! Enquanto nosso exterior se enruga, perde o viço, a flexibilidade e o tônus, nosso interior se aperfeiçoa ano após ano. Ganhamos sabedoria, paciência e novas atitudes e valores perante a vida. Nessa condição privilegiada, qualquer idoso deveria estar na melhor fase de sua vida. Mas não é essa a realidade.

Cuidei dos meus avôs por quase cinco anos, de 2002 a 2006, e ao contrário do que muitos pensam ou dizem acerca do cuidador, foi um privilégio ofertado por Deus.

Nada é tão enriquecedor do que conviver com um idoso! Nem os livros dos melhores especialistas contêm a riqueza, os detalhes e as peculiaridades dos idosos  proporcionados pela convivência diária. Só no dia-a-dia você passa a compreender o quão deficiente é o mundo para os idosos. Sim, o mundo é deficiente, pois ser idoso faz parte do “desenvolvimento normal” do ser humano. Foram anos de graduação e pós graduação na prática, na realidade enfrentada.

Vou relatar esse pedacinho da vida da minha avó frente a esse mundo DEFICIENTE.

Certa tarde cheguei em casa e encontrei minha avó de cara amarrada, pois não havia assistido a tão amada novelinha da tarde. Indaguei o motivo e ela me respondeu que queria trocar a televisão, pois esta não estava funcionando direito. Corri para a sala de TV e constatei que não havia som. Mudei os canais e todos estavam sem som. Desliguei e liguei a TV e o som voltou. Inventei um problema qualquer e pedi para ela observar se ia acontecer de novo, daí eu chamaria o técnico.

(Controle da TV Sony)


Bem, esse problema não mais aconteceu nos próximos dias, até que outro problema apareceu. Minha avó reclamou que a TV estava chiando muito, “não entendo nada do que falam, parece até outra língua”! E insistia para comprar outra TV. Fui averiguar, e dessa vez descobri que ela havia apertado sem querer a tecla SAP. O filme que passava na hora estava com som original em inglês. Tive um insight e deduzi que ela poderia ter apertado a tecla MUTE da outra vez.

E daí por diante comecei a observá-la usando o controle da TV. Constatei primeiramente que para mudar os canais, de nada lhe serviam as teclas numéricas. Elas são muito sensíveis e minúsculas. Sempre aconteciam duas situações: ou seu dedo pressionava duas teclas ao mesmo tempo, tornando o canal 5, por exemplo, em 56 ou apertava com mais força, e o canal 5 virava 55 ou 555. Tentei isolar essas teclas  e outras que ela não usava com uma “fita crepe” e ensinei-a a usar as teclas + e – para mudar o canal, pelo menos elas eram maiores. 
(O controle ficou parecido com esse)


Mas “problemas novos” na TV continuaram a aparecer: tecla SLEEP, tecla TV/VÍDEO, tecla MENU e a insatisfação da minha avó em relação a TV.

Tive a idéia então de pintar as teclas com esmalte. Vermelha para ligar/desliga, branca para mudança de canais e azul para o som. Parece que eu havia conseguido resolver o problema, até que um dia, ao recebermos visitas em casa, vi minha avó escondendo o controle remoto. Fiquei sem entender, mas pensei que talvez ela não quisesse que as visitas assistissem TV. Depois que foram embora, perguntei à ela sobre o controle e ela me encarou firmemente e respondeu: “Olha que controle feio, eles vão pensar que eu sou criança!” Não tive argumentos, o controle estava horrível, enrolado com “fita crepe” e com as teclas pintadas, parecia que estava todo remendado e descuidado. Não tive dúvidas, troquei a TV. Passei dias andando e averiguando os controles. Comprei a TV com o controle mais simples. Bela maneira de se escolher uma TV! Não consegui um controle ideal, e comprei uma tv mais antiga, mas pelo menos um pouco mais funcional para um idoso.
(Controle Philips)

Achei também um controle remoto gigante, mas para minha vó que queria discrição, não era o ideal.



No fundo, tenho certeza que ela sabia que a outra TV não tinha problemas, mas assumir isso, era declarar-se DEFICIENTE E INCAPAZ. Acredito que se existissem controles mais simples para TV e outros acessórios eletrônicos esse sentimento nunca teria rondado em sua tão longa vida. Ela não era INCAPAZ, era simplesmente uma idosa.

Temos brinquedos, móveis, acessórios e comida para crianças e animais. Porque não para os idosos? Como as crianças, idosos não têm força de preensão nem muscular. As articulações, muitas vezes, estão sem flexibilidade e a coordenação já não é mais a mesma.

A vida impõe isso! Não é uma “condição especial” ou “necessidade especial”. Todos passarão por isso! É a necessidade desta fase da vida.
Enfrentamos também problemas com o aparelho de DVD, tantas funções para quem quer apenas assistir um filminho!

O controle acima é para aparelhos de DVD e foi planejado para crianças, podendo também ser utilizado por idosos. Há uma versão para controle remoto de TV menos infantil (Weemote Sr). As teclas numéricas servem para armazenar os canais preferenciais (http://usabilidoido.com.br). Pena que na época não não encontrei um desses, parecem muito bons. E as cores contrastantes facilitam encontrá-lo.

Na época meu filho desenhou um controle remoto mais ergonômico e funcional para minha avó, mas descobrimos que fazer um e adaptar a nossa TV seria inviável. Mandamos o desenho para algumas empresas e não obtivemos resposta. O ideal seria que ao comprar uma TV, ela viesse com dois controles, pois como saber se quem está adquirindo é um idoso ou tornando-se um? Ou como eu, sem poder usar as mãos e usando o dedão do pé?

                                                                       (Imagem)


Hoje, são 7,7 milhões os brasileiros com 70 anos ou mais. Em 2050, serão 34,3 milhões. O Brasil já ocupa o oitavo lugar no mundo com mais idosos. O rápido processo de envelhecimento da população, devido à associação de maior expectativa de vida e queda na taxa de natalidade, está mudando a cara do Brasil, que, em poucas décadas, deixará de ser um país de jovens para se tornar um país de idosos. Os dados estão na Síntese de indicadores sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2004.


É um descaso! Mentes tão ricas, experiências fartas e tanta sabedoria num mundo feito para outros, num mundo que os tornam DEFICIENTES e INCAPAZES.






                                            Meus avós queridos


Mariza Helena Machado

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