quinta-feira, 26 de novembro de 2009
GINÁSTICA PARA O CÉREBRO
Podemos manter nosso cérebro ativo por toda a vida. Como o corpo, o cérebro também precisa ser exercitado. As rotinas automatizam as reações do cérebro e não propiciam a formação de novas conexões. Problemas novos colocam para funcionar muitos mais neurônios no córtex do que outros que podem ser resolvidos "sem pensar", no modo "automático". Por isso, a rotina proporciona pouco exercício ao cérebro.
Como exemplo vamos pensar no ato de comer. Quando éramos pequenos, nosso cérebro precisava trabalhar ativamente para adquirir essa nova habilidade: aprender a usar talheres, copo, não se sujar, não derramar, etc. O cérebro estava trabalhando e fazendo novas conexões. A criança precisava memorizar as formas, saber sua utilidade, como usar e em quais situações. Parece fácil, mas vemos que os pequenos só adquirem essa habilidade depois de muito treino e anos. Com o tempo passamos a comer de forma automática, não precisamos mais usar de várias conexões cerebrais para a realização do ato, ou seja, nosso cérebro trabalha muito pouco para realizar essa tarefa. E durante nossa vida vamos automatizando muitas de nossas atividades, como dirigir, tomar banho, escovar os dentes, vestir-se e outras tantas. Muitas áreas deixam de ser usadas para dar lugar a outras e com o tempo se tornam inativas.
Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro.
Com certeza, toda a exigência que desafie ou estimule o cérebro (por exemplo, aprender a tocar um instrumento musical) produz mudanças anatômicas muito significativas no cérebro, inclusive a formação de novas sinapses (junções especializadas existentes nos neurônios através das quais estes conectam entre si), e alterações no metabolismo celular (transformações químicas). O cérebro é muito plástico e quanto mais usado e exercitado mais ágil se revela.
Com exercícios simples podemos promover uma revolução cerebral. Por exemplo, ao tomar banho de olhos fechados, contrariamos a nossa rotina e obrigamos à estimulação do cérebro, com isso aumentamos nossa concentração e treinamos outras funções cognitivas (mas cuidado para não cair). Outro exemplo seria escovar os dentes com a mão contrária do que habitualmente se faz. Quando essa tarefa é executada pela outra mão, ela torna-se mais difícil porque não estamos habituados. Nessa situação, há neurônios que são colocados perante um exercício a que não estão habituados. E assim são obrigados a "exercitar-se".
O cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os exercícios criam novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em nosso cérebro.
Aliás, o declínio das funções mentais com a idade parece resultar muito mais da redução do número de sinapses do que a morte de células nervosas. O objetivo das atividades é evitar esse declínio, ajudando quem pratica a manter um nível permanente de capacidade, força e flexibilidade mental, apesar do passar dos anos.
O neurofitness (nome usado por alguns para designar os exercícios mentais) é aconselhável em todas as idades e em particular para crianças, adolescentes e adultos jovens tendo em vista revigorar as capacidades mentais e manter um alto nível de concentração.
Outros exercícios que podemos praticar (a proposta é mudar o comportamento rotineiro):
- usar o relógio de pulso no braço oposto ao que costuma usar;
- andar para trás;
- ver fotografias e imagens de ponta cabeça;
- tentar ler num espelho ou ver as horas;
- mudar o “mouse” de lado;
- vestir-se de olhos fechados;
- escrever de olhos fechados e ir tentando se aprimorar;
- selecione uma frase de um livro ou jornal e tente formar uma frase diferente utilizando as mesmas palavras;
- Faça uma lista de 10 palavras e tente memorizá-las durante o dia. Repita por 3 dias ou até ter certeza que decorou todas, daí troque as palavras e se parecer fácil para alguns, aumente o número de palavras;
- procure achar novas utilidades para as coisas. Por exemplo, liste 10 utilidades para um palito de dente. Os exercícios feitos para obter inúmeras soluções plausíveis estimulam, e muito, a criatividade, mantendo o cérebro em grande atividade criativa.
- sair dos caminhos rotineiros e procurar outros caminhos para o trabalho, escola, etc.
Treine também os sentidos:
- estimule o paladar comendo coisas as quais não costuma comer com freqüência, feche os olhos e sinta o sabor lentamente em todas as regiões da língua;
- várias vezes por dia pare por 2 minutos e observe atentamente um objeto, seus detalhes, uma nuvem, um quadro. Treine bastante e concentre-se somente naquele momento. Treine assim sua concentração evitando distrações.
- feche os olhos para ouvir todos os sons que se produzam à sua volta. Coloque um relógio de parede no ambiente e tente se concentrar só nos “tic-taques”. Repare nos pormenores e nos sons longínquos para apurar a sua audição. Tente se concentrar nos sons mais longínquos e depois, com o tempo, tente fazer esses exercícios com os olhos abertos, onde é mais difícil se concentrar.
- Coloque várias essências de frutas ou outros odores em potinhos com tampa e tente decifrar cada cheiro;
- Tente memorizar usando da visão e imaginação. Faça conexões com imagens. Por exemplo, para memorizar Rua Maria dos Santos, tente pensar em uma Maria que conheça e imagine-a vestida de santo, com auréola e tudo. Imagens são mais fáceis de guardar do que nomes e coisas absurdas são mais fáceis de se memorizar do que as comuns.
Para completar deve-se também praticar regularmente uma atividade física e adotar uma dieta saudável.
Tente, invente, faça alguma coisa diferente!
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
SELO - DESAFIO
Desafio enviado por Vera do Blog Deficiente Ciente
Requisitos para participar no presente desafio:
1º Seguir as regras 2° Levar o selo acima que identifica quem está, esteve ou estará no desafio.
3º Completar as seguintes frases:
a) Eu já ...
b) Eu nunca …
c) Eu sei ...
d) Eu quero …
e) Eu sonho
4º Depois de completar a frase com suas respostas indique 5 blogs para dar sequência ao desafio.
Minhas Respostas
a) Eu já ... comprei briga pela INCLUSÃO
b) Eu nunca ... aceitei a DISCRIMINAÇÃO
c) Eu sei ... que nem todos têm ACEITAÇÃO
d) Eu quero ... um mundo sem EXCLUSÃO
e) Eu sonho ... com o dia que não haverá SEPARAÇÃO e que todos serão CIDADÃOS.
MINHAS INDICAÇÕES:
- AsasDaLyberdade - Cecília (http://asasdalyberdade.blogspot.com/)
- Autividade - Valeria Llacer (http://autividade.blogspot.com/)
- ATIDEV - (http://blogdaatidev.blogspot.com/)
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
FACILITANDO A COMUNICAÇÃO PARA AUTISTAS E PARA CRIANÇAS COM DEFICIT COGNITIVO: Uso de PECS.
Quando falamos em comunicação, a primeira idéia que se tem é a da fala. Através dela nos relacionamos com o mundo, manifestamos nossas vontades e desejos, trocamos informações e sentimentos e permitimos ao outro nos conhecer e sermos conhecidos. Mas a comunicação não se restringe as palavras. Ela é muito mais complexa do que apenas a emissão de sons coerentes. Nós utilizamos também de outros recursos não-verbais como os gestos e expressões faciais e corporais que transmitem várias outras informações que as palavras não alcançam.
Em certas deficiências podemos encontrar dificuldades de expressão ou de fala. Alguns podem possuir boa compreensão, contudo não conseguem falar ou mesmo expressar suas vontades de forma que “todos” entendam. Toda mãe sabe, de antemão, o que seu filho deseja apenas observando certos sinais não verbais. Uma mãe me relatou que entendia tudo que seu filho queria, mesmo que não falasse. Ele se comunicava, relatava a mãe. Quando queria água, por exemplo, pegava sua caneca azul e batia na pia, onde o filtro de água ficava, sendo atendido prontamente. Quando queria fazer xixi abaixava as calças e corria de um lado para outro e era levado imediatamente ao vaso sanitário. Bem, apenas com esses dois dados deu para perceber que ele tenta se comunicar com a senhora, respondi. Mas e se ele estiver na minha casa e não tiver uma caneca azul ou o meu filtro de água não ficar em cima da pia? E se ele quiser ir ao banheiro quando estiver no Supermercado? Minha mãezinha respondeu? “- Ele não sai de casa! Ele fica nervoso fora do seu ambiente”. A comunicação deve propiciar a independência, os relacionamentos e a aprendizagem. De que adianta eu mãe, irmão ou família entender o que um membro deseja? E se por ventura a família não puder estar por perto?
Muitas famílias resistem à idéia de um outro sistema de comunicação que não seja a fala. Acreditam que se facilitarem a comunicação através de outros meios vão desestimular a fala ou mesmo substituí-la. Nesse sentido, é sempre bom lembrar que, ao utilizarmos uma outra forma para a comunicação, não queremos substituir a fala, mas contribuir para que a comunicação ocorra e consequentemente a fala. A comunicação alternativa, suplementar ou ampliada enfatiza formas alternativas de comunicação visando dois objetivos: promover e suplementar a fala, garantindo uma forma alternativa de comunicação para um indivíduo que ainda não começou a falar.
Vários podem ser os sistemas alternativos de comunicação, mas há fatores a serem considerados na escolha da melhor forma de comunicação para cada criança ou jovem. Podemos utilizar um sistema específico ou a combinação de vários. Não há padrão! Cada criança ou jovem é que irá nos mostrar o melhor meio a utilizar. Contudo devemos considerar na escolha:
- necessidades e preferências da criança e/ou família,
- necessidades e preferências da criança e/ou família,
- estilo de aprendizagem da criança,
- uso funcional da visão e audição,
- habilidades perceptivas,
- nível de atenção,
- atenção tátil,
- habilidades cognitivas,
- habilidades físicas,
- habilidade do profissional nos vários modos de comunicação.
Comunicação é uma área muito difícil para os autistas. Algumas características dos autistas dificultam a sua comunicação como a distração, a dificuldade de processar instruções orais, manter atenção e organizar informações que estão recebendo. Também têm dificuldade de processar os cincos sentidos (tato, visão, audição, paladar, olfato) de uma só vez, ou mesmo de utilizar mais que um deles de cada vez (integração sensorial). Esta inabilidade de ser compreendido afeta o comportamento podendo gerar maneiras inapropriadas para se comunicar como bater a cabeça, gritar, ou manter hábitos indicadores típicos do autismo. Conseqüentemente, se você estabelecer uma maneira de manter a comunicação, poderá eliminar muitos problemas de comportamento.
O autista ou qualquer pessoa que não fala, precisa encontrar um caminho para se comunicar e, com isso diminuir sua frustração, trabalhar a socialização e seu crescimento como ser humano.
Benefícios da utilização da Comunicação Alternativa ou Suplementar:
- ajuda crianças sem linguagem, ou uma linguagem não funcional, a ter uma “voz”,
- desenvolve a compreensão da comunicação,
- desenvolve o encorajamento para a fala,
- reduz a frustração e comportamentos inapropriados,
- faz com que as escolhas sejam positivas,
- fesenvolve o uso da estrutura da linguagem,
- pode ser aplicado por todos os que rodeiam a criança,
- abertura de leques de escolhas.
Quem pode se beneficiar?
- Pessoas sem discurso verbal,
- Pessoas que têm uma linguagem pouco estruturada,
- Pessoas com autismo,
- Crianças que ainda não desenvolveram um discurso para além da palavra chave,
- Crianças que exibam comportamentos inadequados por não conseguirem se fazer entender.
PECS (Picture Exchange Communication System)
Sistema de Comunicação por Figuras
Sistema de Comunicação por Figuras
O PECS foi desenvolvido nos EUA pelo psicólogo Andrew Bondy e pela fonoaudióloga Lori Frost em 1996 e adaptado para o Brasil pela fonoaudióloga Cátia Crivelenti de Figueiredo Walter em 1998. Bondy e Frost queriam encontrar uma maneira de ajudar as crianças com autismo a se comunicarem de uma forma funcionalmente fácil, socialmente aceitável e que pais e outras pessoas pudessem aprender sem dificuldades, dando à criança a possibilidade de se tornar mais integrada socialmente e ao mesmo tempo mais independente.
PECS é um sistema de comunicação por troca de figuras que consiste em um modo alternativo e rápido de instalação de comportamento verbal. O método é baseado nos princípios da Análise Experimental do Comportamento e tem sido eficaz no treinamento de comunicação funcional de pessoas com traços autistas (Bondy & Frost, 2001).
O PECS foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro do autismo em idade pré-escolar, mas está atualmente sendo usado por crianças e adultos com transtornos do espectro do autismo e outros diagnósticos que apresentem dificuldades com a fala e a comunicação.
PECS é um sistema de comunicação por troca de figuras que consiste em um modo alternativo e rápido de instalação de comportamento verbal. O método é baseado nos princípios da Análise Experimental do Comportamento e tem sido eficaz no treinamento de comunicação funcional de pessoas com traços autistas (Bondy & Frost, 2001).
O PECS foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro do autismo em idade pré-escolar, mas está atualmente sendo usado por crianças e adultos com transtornos do espectro do autismo e outros diagnósticos que apresentem dificuldades com a fala e a comunicação.
O PECS é dividido em 6 fases. Na 1ª fase, o objetivo é o de permutar a figura. A troca aqui é totalmente assistida e necessariamente não precisa ser uma figura. Pode ser um objeto concreto. Mais tarde a criança aprende a generalizar essa habilidade de forma que possa se comunicar com pessoas diferentes, em diferentes lugares e por diferentes motivos. Futuramente, algumas crianças poderão produzir sentenças com as figuras em uma "tira" de sentenças expandindo seu vocabulário. Estas imagens podem ser fotos dos objetos verdadeiros ou desenhos dos mesmos; um sistema de símbolos muito utilizado (nacional e internacional) é o Boardmaker, um «dicionário» de imagens e símbolos em suporte informático, que permite criar os símbolos.
O PECS dá à criança a possibilidade de expressar suas necessidades e desejos de uma maneira muito fácil de entender. Muitas crianças que começaram a utilizar o PECS também desenvolvem a fala como um efeito colateral, claro que é um efeito colateral ansiosamente esperado!
Muitas crianças aprendem o intercâmbio fundamental no primeiro dia de treinamento. Um aspecto importante do PECS é que são as crianças que iniciam o processo de comunicação (são elas que iniciam a interação).
Elas aprendem a não esperar ou depender dos adultos para comunicar-se. Elas, imediatamente expressam suas necessidades aos adultos que podem satisfazê-las. Aprender o PECS também tem conseguido um dramático efeito de reduzir as preocupações pelo manejo do comportamento destas crianças, tanto nas escolas como em casa.
Um caso real: (http://sdwest.blogspot.com/)
Jovem de 15 anos, síndrome de West, deficiência mental severa, chamado aqui de João. Sem uso da fala, presença de comportamentos autísticos e totalmente dependente nas AVDs
João chegou trazido pelos pais puxado pelas mãos, andar esteriotipado, nenhuma comunicação verbal, sem contato ocular, esteriotipias motoras com balanço exagerado de corpo, sem entendimento de ordens simples, comportamentos auto-agressivos, sem controle anal/vesical, sem preensão palmar (não pegava nenhum objeto), dependente nas AVDs e alimentação. Os pais relataram que sua única reação era perante a música. Levantava-se pela manhã e se posicionava em frente a estante e balançava as mãos frenéticamente até que ligassem o som. Se fosse deixado ali, com o som ligado, passava o dia todo. Emitia alguns sons sem intencionalidade e os pais relatavam notar também satisfação no banho e em tomar água. Possuía grande defensividade tátil (não permitia toques nem abraços) e medo de caminhar em terrenos irregulares (aqui só um resumo de seus principais comportamentos).
Comecei pela música. Sentei-me ao seu lado (foi feito antes um outro tipo de treinamento para mantê-lo sentado, começando por 5 minutos, chegando até 30 minutos), posicionei o som na sua frente e liguei. Antes, pesquisei várias músicas juntamente com ele. Escolhi uma música repetitiva e ritmada, sem muitas variações tonais, que lhe chamou incrivelmente à atenção (“Rap das Armas”, editei só o refrão). Com certeza a música lhe acalma e satisfaz. Deu para notar seu alívio e satisfação! Toquei inicialmente por 20 segundos e desliguei para ver se notava alguma reação. João se agita, tenta levantar. Seguro em sua mão e digo: “Me dê a mão!” Aperto sua mão levemente e ligo o som. Deixo novamente 20 segundos ligado, desligo por 5 segundos, digo: "Me dê a mão!" Seguro em sua mão, aperto, ligo o som. Repeti isso por 6 meses, três vezes por semana, durante sessões de 30 minutos.
Seis meses depois, ao iniciar nossa sessão, peço-lhe a mão antes de ligar o som, como de costume, e sou prontamente atendida! Tive que controlar-me para não dar pulos e gritar de alegria. Nossa primeira troca foi feita e a partir daquele momento eu sabia que ele poderia aprender mais. Comunicação é troca, e ele havia aprendido isso!
Testei-o naquele dia várias vezes. Desligava o som, pedia sua mão e ele a dirigia em minha direção. Dificultei um pouco mais nas próximas sessões e exigi que a mão me tocasse e acreditem, obtive sucesso. Ampliei então o repertório. Acrescentei a água. Colocava a caneca com água em sua frente à mesa e pedia sua mão. Demorou para João generalizar que podia pedir as coisas com um toque de mão. Tive que repetir milhares de vezes com a música, com a água e com “coca-cola”, a bebida mágica para João. Por um gole de “coca-cola” consegui que João, além de tocar minha mão, que segurasse a caneca e bebesse sozinho.
No caso de João, os reforçadores (música, água e coca-cola) foram utilizados inicialmente em todas as aquisições, sendo a música a maior responsável por seu despertar. Com ela consegui, da mesma forma que usei a solicitação da mão, a fixação do olhar. Agora, ao invés da mão, eu solicitava que olhasse para mim para que eu ligasse o som e fui tentando manter esse olhar por cada vez mais tempo. Com o olhar direcionado, o nível de atenção passou de 5 segundos para 10 em algumas situações.
A família foi orientada a manter as rotinas de respostas e juntos ampliamos sua atuação no mundo. No momento João ainda não fala mas já dá ares de independência. Estamos trabalhando agora com sua preensão palmar. Estou ensinando, da mesma forma, a segurar um objeto e ter sua tão amada música. Não sei de conseguirei chegar com João a troca de cartões que define o PECS. Acho que ficaremos na troca de objetos concretos por mais tempo. Mas o que interessa não é a forma, mas o resultado!
Mas isso relatarei mais tarde!
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
MOTIVAR PARA APRENDER: Minha experiência com a Síndrome de Williams.
O que é a Síndrome de Williams?
A Síndrome de Williams também conhecida como síndrome Williams-Beuren é uma desordem genética que, talvez, por ser rara, freqüentemente não é diagnosticada. Sua transmissão não é genética. O nome desta síndrome vem do médico, Dr. J.C.P. Williams que a descreveu em 1961 na Nova Zelândia e pelo Dr. A. J. Beuren da Alemanha em 1962 . Sua incidência é de uma criança a cada dez a vinte e cinco mil nascimentos.
Na síndrome de Williams ocorre um esporádico acidente genético que remove uma importante região do cromossomo 7, eliminando cerca de 20 genes, incluindo o gene para a produção de elastina. Alguns desses genes atuam em conjunto e são responsáveis por problemas cognitivos, enquanto outros podem causar problemas morfológicos, como defeitos no coração. Mas o que realmente chama a atenção é o fenótipo social, uma paixão por companhia e diálogo, junto com uma má interpretação da dinâmica social e total falta de inibição num ambiente estranho. Dessa forma, os portadores de Williams adoram conversar, conversam sobre tudo e com qualquer um, sem o menor medo social. Aparentemente, não possuem a chamada Teoria da Mente, ou seja, a capacidade que temos de inferir intenções de uma outra pessoa sem que ela o diga verbalmente. A falta de uma Teoria da Mente faz com que os Williams tenham poucos amigos, mesmo com toda sua inata capacidade comunicativa. Por isso essa síndrome partilha algumas características com o autismo no que se refere a Teoria da Mente e aos interesses, comportamentos e atividades restritas e repetitivas.
Geralmente apresentam uma face característica (descrita como a de um duende): nariz pequeno e empinado, cabelo encaracolado, lábios grossos e grandes, dentes pequenos, bochechas proeminentes, queixo pequeno, baixa estatura, pálpebras volumosas, íris em formato de estrela e sorriso frequente.
Podemos encontrar problemas médicos freqüentes como cardíacos, renais e odontológicos. São crianças que precisam urinar com grande freqüencia. Tem problemas de coordenação, equilíbrio e orientação espacial. Geralmente apresentam um atraso psicomotor mas as suas dificuldades de aprendizagem podem variar entre um potencial intelectual ligeiramente abaixo da média a um déficit severo. É claro que nem todas as características estão presentes em todas as crianças. Não podemos esquecer da individualidade do ser humano.
Outras características:
- voz rouca
- genitália pequena
- envelhecimento prematuro
- ansiedade
- hiperatividade
- hipersensibilidade a sons
- medos de altura
- facilidade com músicas e ritmos
- bebês irritados, que choram com frequência e têm dificuldade para se alimentar
- dificuldade no equilíbrio e na coordenação
- atraso na aquisição da linguagem
- nível de cálcio aumentado no sangue
- hipertensão arterial
- otite crônica (inflamação frequente nos ouvidos)
- estrabismo
- alterações posturais (escoliose, lordose, cifose)
- rigidez articular
- úlcera péptica (feridas no estômago ou no duodeno)
- litíase biliar (pedras na vesícula)
- déficit de atenção
MOTIVAR PARA APRENDER: Minha experiência com a Síndrome de Williams
Não pretendo criar um manual de apoio, regras de tratamento ou metodologias para abordagens na Síndrome de Williams. O que relatarei aqui pode ser usado com todas as crianças com alguma dificuldade. O ser humano é totalmente individual, e como tal deve ser considerado.
A Síndrome de Williams também conhecida como síndrome Williams-Beuren é uma desordem genética que, talvez, por ser rara, freqüentemente não é diagnosticada. Sua transmissão não é genética. O nome desta síndrome vem do médico, Dr. J.C.P. Williams que a descreveu em 1961 na Nova Zelândia e pelo Dr. A. J. Beuren da Alemanha em 1962 . Sua incidência é de uma criança a cada dez a vinte e cinco mil nascimentos.
Na síndrome de Williams ocorre um esporádico acidente genético que remove uma importante região do cromossomo 7, eliminando cerca de 20 genes, incluindo o gene para a produção de elastina. Alguns desses genes atuam em conjunto e são responsáveis por problemas cognitivos, enquanto outros podem causar problemas morfológicos, como defeitos no coração. Mas o que realmente chama a atenção é o fenótipo social, uma paixão por companhia e diálogo, junto com uma má interpretação da dinâmica social e total falta de inibição num ambiente estranho. Dessa forma, os portadores de Williams adoram conversar, conversam sobre tudo e com qualquer um, sem o menor medo social. Aparentemente, não possuem a chamada Teoria da Mente, ou seja, a capacidade que temos de inferir intenções de uma outra pessoa sem que ela o diga verbalmente. A falta de uma Teoria da Mente faz com que os Williams tenham poucos amigos, mesmo com toda sua inata capacidade comunicativa. Por isso essa síndrome partilha algumas características com o autismo no que se refere a Teoria da Mente e aos interesses, comportamentos e atividades restritas e repetitivas.
Geralmente apresentam uma face característica (descrita como a de um duende): nariz pequeno e empinado, cabelo encaracolado, lábios grossos e grandes, dentes pequenos, bochechas proeminentes, queixo pequeno, baixa estatura, pálpebras volumosas, íris em formato de estrela e sorriso frequente.
Podemos encontrar problemas médicos freqüentes como cardíacos, renais e odontológicos. São crianças que precisam urinar com grande freqüencia. Tem problemas de coordenação, equilíbrio e orientação espacial. Geralmente apresentam um atraso psicomotor mas as suas dificuldades de aprendizagem podem variar entre um potencial intelectual ligeiramente abaixo da média a um déficit severo. É claro que nem todas as características estão presentes em todas as crianças. Não podemos esquecer da individualidade do ser humano.
Outras características:
- voz rouca
- genitália pequena
- envelhecimento prematuro
- ansiedade
- hiperatividade
- hipersensibilidade a sons
- medos de altura
- facilidade com músicas e ritmos
- bebês irritados, que choram com frequência e têm dificuldade para se alimentar
- dificuldade no equilíbrio e na coordenação
- atraso na aquisição da linguagem
- nível de cálcio aumentado no sangue
- hipertensão arterial
- otite crônica (inflamação frequente nos ouvidos)
- estrabismo
- alterações posturais (escoliose, lordose, cifose)
- rigidez articular
- úlcera péptica (feridas no estômago ou no duodeno)
- litíase biliar (pedras na vesícula)
- déficit de atenção
MOTIVAR PARA APRENDER: Minha experiência com a Síndrome de Williams
Não pretendo criar um manual de apoio, regras de tratamento ou metodologias para abordagens na Síndrome de Williams. O que relatarei aqui pode ser usado com todas as crianças com alguma dificuldade. O ser humano é totalmente individual, e como tal deve ser considerado.
Em primeiro lugar temos que conhecer a criança! Quem ela é, o que pode e sabe fazer, o que gosta e não gosta, suas principais dificuldades e habilidades e tudo mais que puder saber sobre ela, sobre a família e principalmente sobre as expectativas da família. Expectativas essas, que podem ajudar a direcionar o tratamento ou mesmo levá-lo ao fracasso. Para isso uma boa avaliação é fundamental, muita observação e conversas com a família. Geralmente observo muito e em várias situações diárias, em casa, na sala de aula, no recreio, etc. Faço o levantamento do funcionamento global da criança, avaliando a capacidade cognitiva, a percepção, a comunicação, a orientação espaço-temporal, a socialização, a autonomia, os comportamentos inadequados, as atividades da vida diária (AVDs), a coordenação motora, as esteriotipias e os aspectos sensorias.
Traço um programa de intervenção individual, sempre partindo do que a criança já tem ou conhece. O objetivo geral é ajudar a criança a desenvolver habilidades que permitirão que ele ou ela seja tão independente e bem-sucedido(a) quanto possível em longo prazo. Uma variedade de procedimentos comportamentais são usados para fortalecer habilidades existentes e formar aquelas ainda não desenvolvidas. Isto envolve arranjar explicitamente múltiplas e repetidas oportunidades para aprender e praticar habilidades durante todo o dia, com reforçamento positivo abundante.
O segredo está no “reforçamento”. Com técnicas simples de reforço conseguimos instalar alguns comportamentos ou eliminá-los, pela falta dos mesmos reforços. Para isso preciso conhecer tudo que é reforçador para a criança, tudo que a estimule e motive o seu interesse, desde um brinquedo, um jogo, um alimento, etc. A “Motivação” é a energia para a aprendizagem.
Há diversas possibilidades de aprendizagem e diversos fatores que nos levam à aprender um comportamento ou habilidade. A aprendizagem é um fenômeno extremamente complexo e envolve os aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. Ela resulta do desenvolvimento de aptidões e conhecimentos e da transferência destes para novos fatos. Para aprender é imprescindível "poder fazê-lo", o que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, as estratégias e às destrezas necessárias. E, "querer fazê-lo", ou seja, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes. A motivação, portanto, é o processo que mobiliza o organismo para a ação, sua necessidade e o objeto de satisfação. Isso significa que, na base da motivação, está sempre um organismo que apresenta uma necessidade, um desejo, uma intenção, um interesse, uma vontade e uma predisposição para agir, porque vai gerar satisfação, prazer. A palavra motivação tem origem na palavra motivo. As ações humanas sempre estão relacionadas aos motivos. Quanto maior for o prazer experimentado na satisfação de uma necessidade, maior será a motivação para satifazê-la. Maior será a motivação para descobrir novas estratégias para levar àquele fim. Relatei isso de forma bem clara em outro post: Motivação x Aprendizagem (vide http://estardeficiente.blogspot.com/2009/04/motivacao-x-aprendizagem.html).
Para exemplificar motivação x aprendizagem, usei a fixação que um paciente de 13 anos, com Síndrome de Williams, tem em relação ao tema Metrô, ônibus e acidentes envolvendo esses meios de transporte, como reforço para a aprendizagem. Pois bem, confeccionei jogos de memória, dominós, quebra-cabeças, jogos com dados e tudo que minha criatividade permitiu com temas e imagens de trens, Metrôs e ônibus. Usei o mapa do Metrô de SP (consegui no próprio Metrô http://5macroje.50webs.com/mapa%20turistico_metro.jpg) onde trabalhei quantidade, distância, números e fatos do dia a dia. Meu paciente contava, mas não tinha noção de quantidade, mas em relação a contar as estações do Metrô, sim, isso ele conseguiu! Introduzi as operações matemáticas ensinando-o a calcular quantas estações faltam para chegar em ..., e quantas estações passaram de ..., e tudo que eu pude fazer em relação a números e direções, já que de um lado do mapa há o desenho da cidade com as principais linhas. Com a ajuda da professora transferimos o conhecimento para outras situações, ou seja, generalizamos o conhecimento. Usei fotos de ônibus de SP (detalhe: somos de Minas, mas a fixação dele é sobre os trens, Metrôs, ônibus e acidentes envolvendo esses veículos, em São Paulo, onde meus filhos estudam e me enviavam as fotos) e comecei a introduzir cores e números, baseado nas numerações, cores e destinos dos veículos. Usei também música holofônica com sons de trens e Metrôs e trabalhei a atenção e a percepção.
Seus problemas espaciais foram trabalhados com a sinalização do ambiente, ou seja, sistema de setas indicando os caminhos dentro da escola e leitura do ambiente. A maioria dos deficientes mentais (traço associado à Síndrome) respondem muito bem se o ambiente é bem sinalizado. Setas azuis levam ao banheiro, vermelha para o refeitório, e assim por diante. Pode ser também por faixas coloridas nas paredes ou chão, como usado em hospitais e com a utilização de figuras nas portas indicando os respectivos lugares. Despertadores ou celulares com alarme ajudam a sinalizar horas das atividades, como banho, dormir ou acordar.
Caminhadas pela cidade ensinando a leitura ambiental é muito útil. Fui criada pela minha avó, que era praticamente analfabeta e nunca necessitou da leitura para ser independente. Saíamos de Minas Gerais e íamos para Brasília de ônibus, as duas sozinhas, visitar meus pais, isso na década de 60. Trocávamos de ônibus em Belo Horizonte e sempre chegamos. Só fui saber que ela quase não sabia ler já com meus 12 ou 13 anos e ajudei-a a aperfeiçoar. Ela decorava o número dos ônibus e as placas indicativas. Quem precisa ler “Açougue” para saber que é ali que se vende carne? O mesmo vale para farmácia, padaria, rodoviária, etc.
Conceitos espaciais também foram ensinados com os temas preferidos e com música. O “Funk e o Rap” foram muito bem aceitos, pois são ritmados e repetitivos (dança do quadrado, dança da minhoca, dança do redondo, rap das armas, etc) e através deles os movimentos grossos, a coordenação e o ritmo foram aprimorados.
Como o Metrô de SP é objeto de suas fixações, o prefeito Gilberto Kassab também o é. Daí já dá para imaginar como o tema é rico. Na época da campanha ele sabia toda a plataforma de governo do futuro prefeito, toda não, mas tudo em relação aos transportes e Metrô (aqui no sul de Minas pegamos também a TV Globo de SP). E isso tudo foi utilizado ao seu favor. Ele me informa sobre tudo que acontece em São Paulo que atinja o Metrô. Apagões, brigas, paralisações, novas linhas, roubos, etc, e usamos esses assuntos para construir outros conhecimentos. Geografia iniciou-se com São Paulo, é lógico, para depois podermos chegar em Minas Gerais, em sua cidade, bairro e rua.
Ele aprendeu a usar a internet para achar Metrôs, melhorou seu equilíbrio andando em trilhos no chão, imitando o Metrô. Fizemos teatros com temas de Metrôs e isso propiciou melhorar sua capacidade de se colocar no lugar do outro e compartilhar interesses. Fizemos até um “Rap do Metrô”, onde aproveitei para trabalhar sequência de fatos (começo-meio-fim, a letra era sobre um cara que perdeu sua mala no Metrô).
Meu paciente tem hoje 18 anos e já está começando a ser profissionalizado. Minha sugestão seria colocá-lo para trabalhar no Metrô de SP, mas já que isso é impossível, quem sabe em alguma empresa de ônibus aqui da cidade mesmo. Ele lê algumas palavras e conhece todas as letras e tem uma ótima capacidade de deduzir a partir da primeira sílaba, do contexto ou de nossas reações. A maioria das pessoas com Síndrome de Willians possuem a habilidade da empatia desenvolvida, e fazem boas leituras de nossas reações e emoções.
Não podemos esquecer dos medos, outra característica da síndrome. Na maioria da vezes os medos envolvem o sentido da audição, os sons diferentes, estranhos ou altos. Trabalho também com outra criança com Williams, tem seis anos e é extremamente ansiosa e medrosa, como o mais velho. Ela se perturba com crianças gritando, barulhos de moto e ruídos altos, como sirenes e até a música, se for alta. Ele se perturba excessivamente com trovões. Bolei uma dessensibilização em relação ao medo, ou seja, usei som holofônico de chuva e trovões e associei a escuta a prêmios. Repeti infinitas vezes. Colocava o fone de ouvido, ligava o som e mostrava na tela do computador um filminho sobre o Metrô, ônibus e outras coisas que o apetecia. Aquilo que lhe causava medo, no caso, o som do trovão, era sempre associado a imagens tranqüilizadoras e que o acalmavam. Depois de um ano ele já não tinha mais o pavor de antes, tornou-se um medo normal e não paralisante. O cérebro, dessa forma, é condicionado a reagir de outra maneira. Trabalhei também com som holofônico com uma outra menina de 8 anos, sem deficiência, com um medo gigantesco, quase um pânico, de cachorros. Para meu prazer, descobri também que ela era "vidrada" por jogos de computador. Bem, juntei as duas coisas. Consegui sons e imagens de cachorros. Sons de cachorros brigando, latindo, uivando, etc. Consegui até um som holofônico de cachorros perseguindo pessoas, como também imagens de todo o tipo de cachorro, desde os mais fofinhos, até os mais ferozes. Foi só colocar as duas coisas juntas, devagar, observando a reação da criança. Enquanto jogava, escutava sons de cachorros ou enquanto ouvia seus cds prediletos via imagens de cachorros. Puro condicionamento! Em pouco tempo suas reações em relação à cães mudaram e ela foi presenteada com um belo filhote, bem manso e de pequeno porte. Bem, aqui há uma diferença: em relação ao medo na síndrome de Willians, e no caso dos cachorros. Na síndrome o medo geralmente ocorria por hipersensibilidade auditiva e desintegração sensorial, e no outro caso, a menina não tinha nenhum desses distúrbios. O medo nasceu de uma experiência mal sucedida com cães.
Quando a causa é sensorial, ou seja, quando a criança não utiliza os sentidos de forma adequada, exige-se mais intervenções.
Através dos sentidos a criança, conforme aprende a se mover, equilibrar-se e relacionar-se com os objetos e pessoas ao seu redor, aprende sobre o mundo em que vive. O cérebro organiza toda a informação recebida pelos sentidos para possibilitar uma resposta. Essa organização que o cérebro dá à informação sensorial é chamada de “integração sensorial”. Ela permite que dirijamos nossa atenção para produzir comportamento útil e adaptativo e para que nos sintamos bem sobre nós mesmos. A Integração Sensorial é o processo neurológico que organiza a informação que recebemos do nosso corpo e do mundo que nos rodeia, para depois utilizarmos nas nossas ocupações e ações. Quando os problemas na integração dos estímulos sensoriais não são detectados precocemente, condicionam o comportamento da criança e as suas respostas ao ambiente, provocando manifestações desajustadas no desempenho dos seus papéis. A terapia da Integração Sensorial é uma resposta científica a múltiplos e diversos problemas infantis de aprendizagem, descoordenação motora e comportamento, tais como a hiperatividade ou uma ineficiente inserção escolar e que tantos quebra-cabeças dão aos pais e educadores, sem esquecer os problemas que acarretam aos principais afetados, as póprias crianças. Integração Sensorial é uma técnica que ajuda a criança a organizar a sensação do próprio corpo e do ambiente e, assim, torna possível usar o corpo de uma forma efetiva no meio. Para isso uma boa Terapeuta Ocupacional é utilizada. É ela quem traçará a melhor terapia de Integração Sensorial para cada caso. Temos que conhecer como nossa criança usa seus sentidos e se os integra. Alguns utilizam a audição mais que a visão, outros o olfato, outros têm problemas posturais e outros ainda dificuldades táteis, além de outras.
Não podemos esquecer dos medos, outra característica da síndrome. Na maioria da vezes os medos envolvem o sentido da audição, os sons diferentes, estranhos ou altos. Trabalho também com outra criança com Williams, tem seis anos e é extremamente ansiosa e medrosa, como o mais velho. Ela se perturba com crianças gritando, barulhos de moto e ruídos altos, como sirenes e até a música, se for alta. Ele se perturba excessivamente com trovões. Bolei uma dessensibilização em relação ao medo, ou seja, usei som holofônico de chuva e trovões e associei a escuta a prêmios. Repeti infinitas vezes. Colocava o fone de ouvido, ligava o som e mostrava na tela do computador um filminho sobre o Metrô, ônibus e outras coisas que o apetecia. Aquilo que lhe causava medo, no caso, o som do trovão, era sempre associado a imagens tranqüilizadoras e que o acalmavam. Depois de um ano ele já não tinha mais o pavor de antes, tornou-se um medo normal e não paralisante. O cérebro, dessa forma, é condicionado a reagir de outra maneira. Trabalhei também com som holofônico com uma outra menina de 8 anos, sem deficiência, com um medo gigantesco, quase um pânico, de cachorros. Para meu prazer, descobri também que ela era "vidrada" por jogos de computador. Bem, juntei as duas coisas. Consegui sons e imagens de cachorros. Sons de cachorros brigando, latindo, uivando, etc. Consegui até um som holofônico de cachorros perseguindo pessoas, como também imagens de todo o tipo de cachorro, desde os mais fofinhos, até os mais ferozes. Foi só colocar as duas coisas juntas, devagar, observando a reação da criança. Enquanto jogava, escutava sons de cachorros ou enquanto ouvia seus cds prediletos via imagens de cachorros. Puro condicionamento! Em pouco tempo suas reações em relação à cães mudaram e ela foi presenteada com um belo filhote, bem manso e de pequeno porte. Bem, aqui há uma diferença: em relação ao medo na síndrome de Willians, e no caso dos cachorros. Na síndrome o medo geralmente ocorria por hipersensibilidade auditiva e desintegração sensorial, e no outro caso, a menina não tinha nenhum desses distúrbios. O medo nasceu de uma experiência mal sucedida com cães.
Quando a causa é sensorial, ou seja, quando a criança não utiliza os sentidos de forma adequada, exige-se mais intervenções.
Através dos sentidos a criança, conforme aprende a se mover, equilibrar-se e relacionar-se com os objetos e pessoas ao seu redor, aprende sobre o mundo em que vive. O cérebro organiza toda a informação recebida pelos sentidos para possibilitar uma resposta. Essa organização que o cérebro dá à informação sensorial é chamada de “integração sensorial”. Ela permite que dirijamos nossa atenção para produzir comportamento útil e adaptativo e para que nos sintamos bem sobre nós mesmos. A Integração Sensorial é o processo neurológico que organiza a informação que recebemos do nosso corpo e do mundo que nos rodeia, para depois utilizarmos nas nossas ocupações e ações. Quando os problemas na integração dos estímulos sensoriais não são detectados precocemente, condicionam o comportamento da criança e as suas respostas ao ambiente, provocando manifestações desajustadas no desempenho dos seus papéis. A terapia da Integração Sensorial é uma resposta científica a múltiplos e diversos problemas infantis de aprendizagem, descoordenação motora e comportamento, tais como a hiperatividade ou uma ineficiente inserção escolar e que tantos quebra-cabeças dão aos pais e educadores, sem esquecer os problemas que acarretam aos principais afetados, as póprias crianças. Integração Sensorial é uma técnica que ajuda a criança a organizar a sensação do próprio corpo e do ambiente e, assim, torna possível usar o corpo de uma forma efetiva no meio. Para isso uma boa Terapeuta Ocupacional é utilizada. É ela quem traçará a melhor terapia de Integração Sensorial para cada caso. Temos que conhecer como nossa criança usa seus sentidos e se os integra. Alguns utilizam a audição mais que a visão, outros o olfato, outros têm problemas posturais e outros ainda dificuldades táteis, além de outras.
Gosto muito de trabalhar em grupo. Ele propicia um ambiente mais próximo à sociedade, pois em grupo precisamos aprender a exercer nossa capacidade de relacionamento, regras, posturas, etc. Atendo-o em um grupo que é todo beneficiado com os Metrôs, dinossauros, palhaços e todas as outras fixações motivadoras que podemos encontrar. Eles aprendem a respeitar o outro, a entender e a esperar por sua vez de participar nas situações. Conversamos sobre temas compatíveis as suas respectivas idades cronológicas, e isso é um fato primordial. Mesmo que os mais velhos pareçam infantis, nunca se deve esquecer que eles apenas “parecem” infantis. Não podemos usar técnicas infantis, teatro infantil, desenhos para colorir com temas infantis, jogos infantis e assim por diante. A maioria das pessoas subestimam suas capacidades e desejos de aprender. Acham mais fácil lidar com uma pessoa inocente, do que com um adolescente ou adulto curioso e informado. Esses problemas e dificuldades são nossos, não deles, que devem e têm o direito à informação, à cidadania e a uma formação integral, apenas usamos outros meios para os mesmos fins. E, o mais importante, com muito amor, dedicação e paciência. Cada um tem seu tempo e ele torce para que você nunca desista dele.
Espero ter ajudado, abraços, Mariza Helena Machado
Texto revisado em 10/09/2010, para propiciar maiores esclarecimentos.
Texto revisado em 10/09/2010, para propiciar maiores esclarecimentos.
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