Podemos manter nosso cérebro ativo por toda a vida. Como o corpo, o cérebro também precisa ser exercitado. As rotinas automatizam as reações do cérebro e não propiciam a formação de novas conexões. Problemas novos colocam para funcionar muitos mais neurônios no córtex do que outros que podem ser resolvidos "sem pensar", no modo "automático". Por isso, a rotina proporciona pouco exercício ao cérebro.
Como exemplo vamos pensar no ato de comer. Quando éramos pequenos, nosso cérebro precisava trabalhar ativamente para adquirir essa nova habilidade: aprender a usar talheres, copo, não se sujar, não derramar, etc. O cérebro estava trabalhando e fazendo novas conexões. A criança precisava memorizar as formas, saber sua utilidade, como usar e em quais situações. Parece fácil, mas vemos que os pequenos só adquirem essa habilidade depois de muito treino e anos. Com o tempo passamos a comer de forma automática, não precisamos mais usar de várias conexões cerebrais para a realização do ato, ou seja, nosso cérebro trabalha muito pouco para realizar essa tarefa. E durante nossa vida vamos automatizando muitas de nossas atividades, como dirigir, tomar banho, escovar os dentes, vestir-se e outras tantas. Muitas áreas deixam de ser usadas para dar lugar a outras e com o tempo se tornam inativas.
Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro.
Com certeza, toda a exigência que desafie ou estimule o cérebro (por exemplo, aprender a tocar um instrumento musical) produz mudanças anatômicas muito significativas no cérebro, inclusive a formação de novas sinapses (junções especializadas existentes nos neurônios através das quais estes conectam entre si), e alterações no metabolismo celular (transformações químicas). O cérebro é muito plástico e quanto mais usado e exercitado mais ágil se revela.
Com exercícios simples podemos promover uma revolução cerebral. Por exemplo, ao tomar banho de olhos fechados, contrariamos a nossa rotina e obrigamos à estimulação do cérebro, com isso aumentamos nossa concentração e treinamos outras funções cognitivas (mas cuidado para não cair). Outro exemplo seria escovar os dentes com a mão contrária do que habitualmente se faz. Quando essa tarefa é executada pela outra mão, ela torna-se mais difícil porque não estamos habituados. Nessa situação, há neurônios que são colocados perante um exercício a que não estão habituados. E assim são obrigados a "exercitar-se".
O cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os exercícios criam novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em nosso cérebro.
Aliás, o declínio das funções mentais com a idade parece resultar muito mais da redução do número de sinapses do que a morte de células nervosas. O objetivo das atividades é evitar esse declínio, ajudando quem pratica a manter um nível permanente de capacidade, força e flexibilidade mental, apesar do passar dos anos.
O neurofitness (nome usado por alguns para designar os exercícios mentais) é aconselhável em todas as idades e em particular para crianças, adolescentes e adultos jovens tendo em vista revigorar as capacidades mentais e manter um alto nível de concentração.
Outros exercícios que podemos praticar (a proposta é mudar o comportamento rotineiro):
- usar o relógio de pulso no braço oposto ao que costuma usar;
- andar para trás;
- ver fotografias e imagens de ponta cabeça;
- tentar ler num espelho ou ver as horas;
- mudar o “mouse” de lado;
- vestir-se de olhos fechados;
- escrever de olhos fechados e ir tentando se aprimorar;
- selecione uma frase de um livro ou jornal e tente formar uma frase diferente utilizando as mesmas palavras;
- Faça uma lista de 10 palavras e tente memorizá-las durante o dia. Repita por 3 dias ou até ter certeza que decorou todas, daí troque as palavras e se parecer fácil para alguns, aumente o número de palavras;
- procure achar novas utilidades para as coisas. Por exemplo, liste 10 utilidades para um palito de dente. Os exercícios feitos para obter inúmeras soluções plausíveis estimulam, e muito, a criatividade, mantendo o cérebro em grande atividade criativa.
- sair dos caminhos rotineiros e procurar outros caminhos para o trabalho, escola, etc.
Treine também os sentidos:
- estimule o paladar comendo coisas as quais não costuma comer com freqüência, feche os olhos e sinta o sabor lentamente em todas as regiões da língua;
- várias vezes por dia pare por 2 minutos e observe atentamente um objeto, seus detalhes, uma nuvem, um quadro. Treine bastante e concentre-se somente naquele momento. Treine assim sua concentração evitando distrações.
- feche os olhos para ouvir todos os sons que se produzam à sua volta. Coloque um relógio de parede no ambiente e tente se concentrar só nos “tic-taques”. Repare nos pormenores e nos sons longínquos para apurar a sua audição. Tente se concentrar nos sons mais longínquos e depois, com o tempo, tente fazer esses exercícios com os olhos abertos, onde é mais difícil se concentrar.
- Coloque várias essências de frutas ou outros odores em potinhos com tampa e tente decifrar cada cheiro;
- Tente memorizar usando da visão e imaginação. Faça conexões com imagens. Por exemplo, para memorizar Rua Maria dos Santos, tente pensar em uma Maria que conheça e imagine-a vestida de santo, com auréola e tudo. Imagens são mais fáceis de guardar do que nomes e coisas absurdas são mais fáceis de se memorizar do que as comuns.
Para completar deve-se também praticar regularmente uma atividade física e adotar uma dieta saudável.
Tente, invente, faça alguma coisa diferente!
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