19. O Discurso do Rei – The Kings Speech, 2010, Reino Unido, USA e Austrália
Direção: Tom Hooper, roteiro de David Seidler, com Colin Firth, Jeoffrey Rush e Helena Bonham Carter
Sinopse: George VI (Colin Firth), conhecido como Bertie, assume, a contragosto, o trono de rei da Inglaterra quando seu irmão, David (Guy Pearce), abdica do posto em 1936. Despreparado, o novo rei pede o auxílio de um especialista em discursos, Lionel Logue (Geoffrey Rush), para superar seu nervosismo e gagueira.
Comentário: O filme conta a história do rei George VI, pai da atual rainha da Inglaterra, Elizabeth II, e retrata o período em que Bertie (como era chamado pelos familiares) assumiu o trono da Inglaterra no começo da Segunda Guerra Mundial. Poderia ter sido apenas mais um filme autobiográfico, se não fosse o fato de abordar um tema aparentemente trivial, quase banal, mas cheio de preconceitos e estigmas: a gagueira.
O filme recebeu quatro Oscars, melhor roteiro original, melhor diretor, melhor filme e o merecido melhor ator para Colin Firth, que interpretou com maestria todas as nuances e especificidades da gagueira.
O filme se passa na década de 30, logo antes do início da Segunda Guerra Mundial. Depois da morte do rei George V da Grã Bretanha, seu filho mais velho David torna se Rei Eduardo VIII, contudo abdica do trono para se casar com uma americana divorciada, o que não era aceito pela igreja anglicana. Com a abdicação do irmão, Bertie é coroado rei George VI o que o obriga a desempenhar seu papel cerimonial: os discursos, não apenas ao vivo, mas também pelo rádio, a grande descoberta da época.
Bertie, então Duque de York, já havia tentado vários métodos de tratamento para se livrar de sua gagueira, tendo desistido de todos, já que nada havia funcionado. Mas sua esposa o convence a visitar mais um, Lionel Logue, que se intitulava um terapeuta da fala e morava em Londres. A partir desse momento se estabelece muito mais que uma relação entre terapeuta e paciente. Foi uma relação, acima de tudo, de respeito e amizade. Nos muitos discursos que o Rei George VI realizou durante a Segunda Guerra Mundial, e posteriormente, Logue sempre esteve presente. Logue e o Rei permaneceram amigos pelo resto de suas vidas e o Rei George VI fez de Lionel Logue um Comandante da Real Ordem Vitoriana em 1944.
No passado a gagueira era considerada como um distúrbio emocional. Sabe-se hoje que o estado emocional apenas exacerba a gagueira já existente. A ciência da gagueira tem evoluído bastante, oferecendo uma compreensão bem mais sofisticada do distúrbio do que era possível na época de Bertie. Hoje já são conhecidas 10 mutações genéticas associadas à gagueira, localizadas em quatro genes diferentes. Já foram também descritas falhas no sequenciamento da fala em regiões bem definidas do hemisfério esquerdo do cérebro. Todas estas descobertas só se tornaram possíveis mediante o uso de tecnologias disponibilizadas apenas no final do século XX e início do século XXI (PET scan, fMRI, ressonância por tensor de difusão e hibridização genômica comparativa). Em O Discurso do Rei, o ator Colin Firth, na pele de George VI, dispunha dos recursos da época, alguns obsoletos, como fazer exercícios de fala com a boca cheia de bolinhas de gude. Atualmente, a fonoaudiologia avançou muito em seus métodos e equipamentos.
Há até equipamentos que auxiliam no tratamento, como o SpeechEasy, que é um aparelho colocado no ouvido. A pessoa escuta a própria voz em outro tom (mais fino ou grosso) e com um leve atraso (efeito coro). Isso faz com que o cérebro pense que a pessoa está falando em uníssono com outra. Custa em torno de R$ 10 mil. Há também o Fluency Tracker, um aplicativo para iPad e iPhone que mapeia as situações relacionadas à gagueira, permitindo que a pessoa use técnicas aprendidas com o fonoaudiólogo. Veja mais em INSTITUTO BRASILEIRO DE FLUÊNCIAUm belo drama que nos faz percorrer pelo mundo da gagueira e curvar diante da grandeza majestosa do Rei George VI.
Rei George VI |
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