18. XXY, Argentina, 2007
Sinopse: Alex (Inés Efron) nasceu com as características sexuais de ambos os sexos e para fugir dos médicos que insistiam em corrigir a ambigüidade genital da garota, a família leva-a para um vilarejo no Uruguai. Convencidos de que uma cirurgia seria uma violência contra seu corpo, eles vivem retirados numa casa nas dunas. Um dia, recebem a visita de um casal de amigos, que traz com eles o filho adolescente. O pai visitante é especialista em cirurgia estética e se interessa pelo caso clínico da jovem. Enquanto isso, Alex, de 15 anos, e o rapaz, de 16, sentem-se atraídos um pelo outro.
A Síndrome de XXY, também conhecida como Síndrome de Klinefelter (em alusão ao Dr. Harry F. Klinefelter, que identificou a anomalia pela primeira vez em 1942) é causada por uma variação cromossômica envolvendo o cromossomo sexual. Todos os homens possuem um cromossomo X e um Y (XY) e as mulheres dois cromossomos X (XX), mas ocasionalmente uma variação irá resultar em um homem com um X a mais, esta síndrome é muitas vezes também descrita como 47 XXY. Este cromossomo sexual extra (X) causa uma mudança nas características físicas dos meninos, pois produzem menos testosterona na juventude, o que pode lhes dar um aspecto feminino, com desenvolvimento de mamas e outras características femininas. Mas não é o caso da personagem do filme, que está mais para o hermafroditismo. O título parece mesmo ser uma provocação, um convite ao debate. A própria diretora relatou que não queria falar de um diagnóstico preciso. O título do filme, segundo ela, é uma metáfora da intersexualidade em geral.
Os pais a incentivam a tomar hormônios que inibirão as características masculinas, e acreditam que essa é a melhor escolha, pois Alex tem traços femininos marcantes, inclusive seios. Mas a atração sexual entre Alex e o filho adolescente do casal que aparece para visitar a família, faz com que Alex se confronte com os seus desejos e coloca em xeque a decisão de seus pais no passado. A figura do pai (Ricardo Darín) tem um tratamento especial nesse delicado momento, pois é ele que percebe que talvez a “filha”, seja no fundo um “filho”. A trama do filme, na verdade, gira em torno do dilema de Alex em ter que resolver qual dos dois sexos ele(a) pretende adotar e se continua ou não a tomar os hormônios.
Esse é o primeiro filme da cineasta argentina Lucía Puenzo, filha de Luis Puenzo – diretor do premiado A História Oficial. Ganhou o prêmio da crítica em Cannes e o Goya de melhor filme estrangeiro de língua espanhola em 2007 e foi escolhido para representar a Argentina ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2008, mas não chegou a ficar entre os indicados.
XXY é um belo filme argentino. Indispensável e necessário. Um convite à reflexão sobre a identidade sexual.
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