segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ENSINO DE HABILIDADES BÁSICAS NA DEFICIÊNCIA MENTAL E NOS DISTÚRBIOS DE DESENVOLVIMENTO

PARTE II
3.   PERCEPÇÃO TÁTIL
Objetivos:
Explorar diferentes texturas;
Discriminar seco e molhado;
Discriminar quente e frio;
Identificar objetos através do contato físico;
Explorar o ambiente com as mãos.

Exemplos de atividades:
- explorar materiais diferentes com os pés e mãos (áspero, liso, crespo, macio). Colocar arroz, feijão, maizena, areia, algodão, macarrão, água, gelo, pedras, etc. em uma vasilha e deixar a criança explorar com pés e mãos;
- vasilhas com água quente e fria para identificação e nomeação (pode passar a vasilha em várias partes do corpo);
- comidas quentes e frias;
- molhar as mãos, ou rosto, ou pés e secar (nomear sempre seco e molhado);
- andar no chão molhado/seco, na grama, na areia;
- atividades com luvas/sem luvas;
- objetos dentro de uma caixa para identificação (só com o tato);
- identificar brinquedos, objetos de uso pessoal e roupas da própria criança pelo toque e tato;
- atividades com areia, massa de modelar, argila, barro, pintura com as mãos.

4.   PERCEPÇÃO GUSTATIVA
Objetivos:
Perceber diferentes gostos, sabores e texturas;
Diferenciar comestível ou não;
Diferenciar duro/mole e quente/frio.

Exemplos de atividades:
- manipulação de alimentos com as mãos (incentivar a colocar na boca – açúcar, chocolate em pó, farinha de mandioca, sal, chocolate granulado, cereais, frutas picadas, balas e bolachas picadas);
- reconhecendo alimentos preferidos pela boca (sempre nomear ao colocar na boca da criança);
- reconhecendo doce, amargo, azedo, salgado (nomear);
- reconhecer duro e mole (pedaços de frutas, pão, gelatina);
- identificar quente e frio com os lábios, rosto (pode permitir com o toque).

5.   PERCEPÇÃO OLFATIVA
Objetivos:
Perceber e identificar diversos odores;
Identificar e perceber cheiros bons e ruins.

Exemplos de atividades:
- molhe algodão em diversos cheiros (vinagre, álcool, perfume, pó de café, limão, canela, alho, cebola, cera) e coloque próximo ao nariz da criança. Vá nomeando os cheiros;
- passe shampoo, sabonete, talco, etc. nas mãos e incentive a criança a cheirar;
- identificar cheiros bons e ruins (use talco ou perfume e vinagre ou álcool);
- atividades de encontrar pelo cheiro (passe perfume/vinagre em brinquedos, pedaços de pano e ajude a criança a encontrá-los;
- distinguir pelo cheiro comestíveis e não comestíveis (permitir explorar com a boca inicialmente, posteriormente só pelo nariz – escolha alimentos que a criança gosta e não gosta);
- passar perfume ou creme nas mãos e incentivar cheirar a si e o outro.

OBSERVAÇÕES:

1. Nem todos esses programas serão desenvolvidos com cada criança. A escolha de quais dele adotar e em qual sequência dependerá do conhecimento do repertório da criança, de suas dificuldades e facilidades e de suas necessidades de aprendizagem futura.
2. Antes de iniciar qualquer treino senso-perceptivo a criança deverá ter  sido treinada para permanecer sentada por pelo menos cinco minutos. Esse tempo tende a crescer se as atividades forem estimulantes e os objetos de reforço tenham sido cuidadosamente escolhidos.
3. Avaliar as habilidades e dificuldades gerais da criança (funcionamento global, o que pode e não fazer, suas preferências e aversões, coordenação motora fina e grossa, coordenação óculo-manual, percepção de tempo e espaço, comunicação, interação, esteriotipias, etc.). Tenho que conhecer e entender a criança, tenho que saber que comportamentos devem ser eliminados e quais devem ser adquiridos.
4. Avaliar o funcionamento dos 5 sentidos (qual sentido é mais usado e qual é negligenciado ou usado de forma errada).
5. Iniciar pelo treino visual se a criança não dirigir o olhar para as atividades ou possuir dificuldade de compartilhar interesses. Em seguida vá para “Contato Visual”, caso contrário, começar o treino pelo sentido menos usado ou usado de forma inadequada (é sempre bom evitar superestimular o sentido que é mais usado).
Exemplo 1: Se João leva tudo à boca, não devo iniciar o treino com o programa gustativo. Vou para o tátil, pois João precisa aprender a conhecer o mundo pelas mãos, pelo toque, depois pelo olhar e assim vai. Quando chegar ao treino gustativo, João já não estará colocando tanto as coisas na boca.
Exemplo 2: Maria não faz contato visual. Não segue objetos, não olha para onde apontamos e não mantêm o contato visual suficiente com a tarefa ou atividade,  para poder aprendê-la. Sendo assim, preciso primeiramente treinar a percepção e o contato visual, pois sem dirigir o olhar não consigo treinar as outras percepções.
6. Propiciar ajuda para que a criança dê a resposta correta. Dê ajuda física, verbal ou gestual. Mostre o que deve ser feito. Posteriormente vou retirando as ajudas.
7. Repetir a atividade quantas vezes, dias ou meses forem necessários para a aprendizagem.
8. Usar técnicas de reforço.
9. Treinar cada sentido separadamente.
10. Só passar para o treino do outro sentido quando a criança já generalizou o aprendizado ou reagiu adequadamente aos estímulos.
11. Quando em treino de um sentido, não deixe também de continuar treinando e estimulando as habilidades já adquiridas.
12. Sempre usar materiais, alimentos, cheiros e atividades prazerosas para a criança.
13.  Registre tudo, pois só assim poderá observar o que deve ser mudado ou mantido.
14. Divida as sessões no decorrer do dia. Quatro treinos de 10 minutos cada, ou dois treinos de vinte minutos, por exemplo. Você decide com base na criança, na sua capacidade de fixar e manter a atenção.

VEJA PARTE I

Em breve: PARTE III - COMPORTAMENTO EXPLORATÓRIO 

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